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10 lições do livro O mundo assombrado pelos demônios

Vela e fundo preto com o título 10 lições do livro O mundo assombrado pelos demônios

O mundo assombrado pelos demônios — A ciência vista como uma vela no escuro, de Carl Sagan, foi publicado originalmente em 1995.

Nele, o autor nos guia pelo caminho da ciência explicando os perigos das superstições e da pseudociência.

Sagan nos mostra também a importância de sermos céticos, mas com a mente aberta para novas ideias.

Depois de separar 54 trechos que mais me chamaram atenção, reuni as principais lições da obra em uma lista de 10 ensinamentos que você confere agora:

1. A realidade não é confortável

A realidade nem sempre é confortável e tranquilizadora como a superstição e a pseudociência geralmente são, mas entendê-la é preferível a persistir em enganos. Por meio da ciência buscamos compreender a realidade como ela realmente é, e tentamos compreender como ela funciona com o auxílio de observações, fazendo experimentos, propondo hipóteses e outras ferramentas do método científico.

2. Desconfie dos sentidos e também da memória

Nossos sentidos não são perfeitos. Podemos ver coisas que não existem, ter alucinações ou ilusões. Nossa memória também é falha. Podemos ter certeza que passamos por uma situação quando na verdade era apenas uma falsa memória. É por isso que nenhum depoimento ou testemunho é uma evidência boa o suficiente.

3. A ciência não é perfeita

A ciência está em constante aperfeiçoamento. É o melhor instrumento de conhecimento que temos, mas não é perfeito.

4. Sejamos céticos, mas nem tanto

Não podemos ser totalmente céticos. O pensamento científico é imaginativo e disciplinado. É uma mistura de abertura e ceticismo. É uma forma de estimular a diversidade e o debate.

5. Ciência e espiritualidade podem andar juntas

É possível sim relacionar ciência com espiritualidade. A descoberta científica é um misto de admiração e prazer. É um assombro. Ao fazermos essas descobertas relacionadas à sutileza da vida e do nosso planeta, nos sentimos pequenos e portanto mais humildes diante da imensidão do Universo.


6. A ausência de evidência não é evidência da ausência

Quando não conseguimos invalidar uma hipótese, não quer dizer que provamos a veracidade dela. A ausência de evidência não é a evidência da ausência. Não somos obrigados a inventar uma explicação se não temos evidências suficientes. Está tudo bem em não ter certeza.

7. Nossa mente pode influenciar a cura

Um estado de consciência de convicção/esperança/fé/pensamento positivo pode ajudar a aliviar os sintomas de certas doenças e até a curar algumas delas. Isso não significa que basta ter convicção/esperança/fé/pensamento positivo que a pessoa vai se curar, quer dizer que PODE acontecer de a sua mente estar atuando quando ela acha que o alívio apareceu por algum motivo sobrenatural.

Testes com pílulas de açúcar que imitam remédios de verdade (placebo) em pacientes que acreditam que estão tomando uma droga eficaz mostram casos de melhora para gripes, dores e depressão, por exemplo.

8. Jamais obrigar as pessoas a pensarem do jeito que você quer

Podemos mostrar o caminho da ciência, usar argumentos racionais, comparar explicações bem fundamentadas com hipóteses sem boas evidências, mas jamais nunca obrigar as pessoas a pensarem da maneira que você quer. É uma abertura para a censura de ideias.

9. A realidade não é intuitiva

A realidade não precisa ser intuitiva. E nem é. A relatividade especial e a mecânica quântica explicam fenômenos aparentemente absurdos. O Universo é como é, quer você queira ou não.

10. Precisamos investir em ciência, mesmo que não haja aplicação prática aparente

A ciência gera benefícios para todos os níveis da sociedade. Muitas vezes as grandes descobertas que beneficiam a humanidade são fruto da pesquisa científica de base, aquela que não tem um objetivo prático em vista e é movida pela curiosidade dos cientistas. Aos que dizem que devemos direcionar os investimentos para a solução de problemas graves, devemos lembrar que reduzir a pesquisa em ciência de base também pode gerar complicações devastadoras.

Ainda que o Carl Sagan tenha escrito este livro há mais de 20 anos, é uma leitura que vale muito a pena. Como ainda temos muito que avançar, é seguro dizer que os insights compartilhados conosco continuam extremamente atuais.

Se você gostou, não se esqueça de curtir e compartilhar com os seus amigos. Já tinha lido o livro? Ficou com vontade de ler? Me conte nos comentários.