Desde o início do ano tenho lido diversas notícias sobre novos tratamentos contra o câncer. São tratamentos inovadores, à priori sem os desagradáveis efeitos colaterais da radioterapia e da quimioterapia.
O câncer é uma doença proveniente de erros cometidos durante o processo de divisão celular, resultando em uma mutação genética. Ao contrário do que estamos acostumados a ver em histórias de super heróis, uma mutação pode não ser muito agradável. Células com DNA alterado exercem atividades erradas e podem se reproduzir rapidamente, gerando um tumor. Se as células cancerosas se reproduzirem lentamente e não representarem um risco ao paciente, trata-se de um tumor benigno. Se o câncer se espalhar para outro tecido ou órgão, é diagnosticada uma metástase.
Então, a solução ideal seria identificar todas as células do câncer e eliminá-las sem prejudicar as células sadias.
Foi com base nessa ideia que a jovem estudante de 17 anos, Angela Zhang, conduziu sua pesquisa com sua professora de química, Kavita Gupta.
Elas desenvolveram um polímero capaz de se ligar a nanopartículas, que por sua vez se prendem às células cancerígenas. Dentro dos polímeros fica armazenado o medicamento que combate o câncer.
As nanopartículas em questão são facilmente detectáveis em uma ressonância magnética, permitindo aos médicos encontrar os tumores. Feito isso, é direcionada uma luz infravermelha nos tumores, derretendo os polímeros ligados a eles e liberando o remédio.
É uma ideia promissora, mas ainda vai levar um tempo até ser testada em humanos.
Em andamento e com bons resultados, também está o estudo do professor Irving Weissman e sua equipe, da Universidade de Stanford, na California. Weissman esteve envolvido, há uma década, na descoberta de uma proteína chamada CD47, presente em células de leucemia e linfoma.
A CD47 também está presente em células sadias do sangue e tem a função de sinalizar ao sistema imunológico que elas não devem ser combatidas.
O que Weissman e sua equipe concluíram recentemente foi que não só a leucemia e o linfoma se favorecem da CD47 para enganar o sistema imunológico, mas diversos tipos de câncer também*.
Assim, desenvolveram uma droga capaz de bloquear a CD47, liberando a ação do sistema imune contra o câncer, reduzindo-o ou aniquilando-o por completo.
Na pesquisa com ratos, como era de se esperar, células de sangue também acabaram sendo atacadas. No entanto, logo foram repostas ao serem produzidas pelo corpo dos animais.
Ambos métodos ainda estão em fase de testes, mas são ótimas ideias para solucionar o problema. Espero que os testes seguros em humanos sejam eficientes e que quimio e radioterapias se tornem tratamentos do passado.
*Os tipos de câncer testados foram os de mama, bexiga, próstata, fígado, cérebro, ovário e cólon.
Imagem: Libertas Academica – Células de câncer de mama.
Engenheiro de Computação e Informação trabalhando com Marketing Digital e editando o Blog da Ciência. Convicto do poder da divulgação científica como ferramenta para compartilhar conhecimento.