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Entendendo e fazendo ciência: como estudar qualquer coisa?

Capa do post - ao fundo, uma porta larga envolvida por diversas prateleiras de livros, e o título "Entendendo e fazendo ciência: como estudar qualquer coisa?" à frente.

Podemos pensar em muitos divulgadores de ciências que nos apresentaram conceitos difíceis de um modo muito mais aprazível. Dentre eles, temos os mestres Sylvia Earle, Elizabeth Kolbert, Richard Feynman e Carl Sagan — apenas para citar alguns.

Mas para entendermos e fazermos ciência, temos que saber o que é ciência.

O que é ciência?

Ciência é uma ferramenta de verificação de ideias, hipóteses, perguntas, e quem a utiliza é denominado de cientista. O maior objetivo de um cientista é o entendimento pleno do Cosmos, ou das leis naturais que regem nosso Universo. Mas para usarmos essa ferramenta, temos que entender seu manual de instruções, chamado de metodologia científica.

A metodologia científica, em essência, é muito simples de entender. Temos uma ideia, bolamos um experimento para testar essa ideia, fazemos mais de uma vez o mesmo experimento para termos mais dados, analisamos todos os resultados, verificamos se nossa ideia inicial faz sentido ou não, refletimos se nossos dados e experimentos foram suficientes para corroborar com nossa ideia e, por fim, escrevemos e publicamos nossos resultados.

A publicação é muito importante porque, desse modo, permitimos que qualquer outro cientista entenda e faça o mesmo experimento que fizemos, verificando se não houve nenhum erro.

Como entender o que os cientistas falam?

Sabemos agora o que é a ciência e basicamente como ela funciona, mas como entender tudo aquilo que os cientistas estão falando? Alguns deles, como os citados no início deste texto, facilitam nossa vida porque são excelentes divulgadores de ideias e conceitos.

Para conhecermos assuntos diferentes daqueles que estamos acostumados e para podermos ler um artigo cientifico especializado, podemos usar dicas muito úteis que nos foram passadas por ninguém menos que o grande físico, ganhador do prêmio Nobel e divulgador científico Richard Feynman.

De acordo com Feynman, há 4 dicas para termos o conhecimento completo, que é aquele em que entendemos algo de fato, sem apenas nos satisfazermos em saber o nome de algo. Eis as dicas:

1. A escolha de um conceito, ideia, conhecimento

Pode ser qualquer um, desde política, astronomia, arqueologia… O importante é escolher um e escrever a definição daquilo que escolheu pesquisar.

Exemplo
Paleontologia: ciência natural que estuda a vida do passado da Terra e seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registro geológico.

2. Escreva tudo que sabe a respeito do assunto

A dica mais importante aqui é que o seu texto sobre o assunto seja o mais simples possível, como se estivesse explicando para uma criança. Evite preconceitos ou frases prontas, como por exemplo o equívoco comum de a paleontologia ser o estudo apenas de dinossauros.

3. Analisar a sua explicação e entender o que faltou

Provavelmente no passo 2 houve dificuldade em explicar ou em cobrir certos tópicos do assunto que escolheu entender. Então, volte a pesquisar sobre o tema, lembrando sempre de verificar se as suas referências são confiáveis. Quando se satisfizer com a sua pesquisa, volte a escrever de novo como se fosse explicar para uma criança.

4. Reanalise e simplifique ainda mais

Lembre-se de não usar gírias ou jargões prontos, sendo o mais simples possível. Leia o texto em voz alta até se satisfazer com a explicação criada por você. Uma vez que a explicação seja confusa ou que tenha dificuldades em expressá-la, é sinal de voltar à pesquisa até entender o assunto plenamente — usar analogias para facilitar seu entendimento vale muito a pena.

Dica bônus

Veja vídeos de divulgadores científicos, como Sylvia Earle e Neil deGrasse Tyson, e tente entender quais são os mecanismos que eles usam para divulgar conceitos e ideias; isso pode ser uma boa fonte de inspiração ao seu texto e entendimento.


Referências:
Marcelo Gleiser: “A ciência se torna fascinante quando você não fica só na teoria” (Nova Escola)
Why Carl Sagan is Truly Irreplaceable (Smithsonian)
What Is Science? From Feynman to Sagan to Asimov to Curie, an Omnibus of Definitions (Brain Pickings)