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Você conhece ALICE?

Capa com uma escultura de Alice no país das maravilhas ao fundo e o título "Você conhece ALICE?" à frente.

Se você não conhece o experimento ALICE, talvez esteja se perguntando: o que um post sobre uma história infantil está fazendo no Blog da Ciência?

O nome é o mesmo, mas eu não vou falar sobre a doce menina que vive no país das maravilhas. Quando cito esse nome, me refiro ao “A Large Ion Collider Experiment”, mais conhecido como ALICE.

O que é o ALICE

Esse é um dos experimentos do LHC (Large Hadron Collider), o maior e mais poderoso acelerador de partículas do mundo, que faz parte da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear — o CERN.

O ALICE é dedicado aos estudos e análises de colisões de íons pesados. Essas colisões ocorrem em seu centro, permitindo que os cientistas recriem o sistema no espaço-tempo e examinem essa reconstrução.

A captação de informações ocorre por meio de diferentes tipos de detectores internos, que possibilitam que os pesquisadores observem os fenômenos causados no interior do experimento.

Visão geral do experimento ALICE. Imagem: Antonio Saba.

Dificuldades na implementação

Diante da complexidade desse gênero de experimento, havia muitas barreiras a serem quebradas no início do desenvolvimento do projeto, e uma das principais era os recursos tecnológicos.

Para se ter uma ideia, foi necessário criar novos detectores, e para isso, precisaram realizar um intenso programa de pesquisa e desenvolvimento. Esse programa teve duração de uma década e contou com  a participação de diversos institutos, que colaboraram com suas ideias e conhecimento sobre o tema.

Esforço colaborativo

Atualmente, o experimento conta com a colaboração de 37 países, 154 institutos e mais de 1500 membros. E para a felicidade dos amantes da ciência, o Brasil tem participação neste fantástico programa. As instituições nacionais que colaboram com o ALICE são a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Universidade de São Paulo (USP).

Além de contar com essa participação brasileira no projeto como um todo, também existe outro motivo para nos orgulharmos da nossa comunidade cientifica. Professores, pesquisadores e cientistas brasileiros estão desenvolvendo um chip, nos laboratórios da USP, que se chama SAMPA.

O chip integrará o ALICE e vai atuar em experimentos para a colisão de íons pesados, possibilitando um estudo sobre o plasma de quarks e glúons. O SAMPA vai compor e auxiliar o processo de captura das imagens no momento das colisões.

“A ideia é reproduzir em laboratório um novo estado da matéria que teria existido poucos microssegundos após a grande explosão ou big-bang”, afirma o professor da Universidade de São Paulo, Marcelo Gameiro Munhoz, em entrevista ao jornal da USP.

Marcelo, que é um dos responsáveis pelo projeto, também relata na mesma entrevista que esta já é a terceira versão do chip, com alguns aprimoramentos em relação às versões anteriores.

“Mesmo sendo mais completo, o chip atual poderá passar ainda por mais algumas transformações. O equipamento ainda será testado até a sua conclusão e certamente serão necessários pequenos ajustes”, afirma Munhoz.

Ficou interessado? Quer saber um pouco mais sobre o experimento? É só conferir o vídeo abaixo:


Referências:
Imagem detector ALICE: Antonio Saba (Wikimedia)
ALICE Info (CERN)
Cientistas concluem nova versão de chip que integrará experimento do LHC (Jornal da USP)