Mercúrio e os Peixes
O metal prateado que você já deve ter visto dentro do termômetro aparece na natureza por toda a parte: podemos encontrá-lo no solo, no ar, na água e até na sua comida.
Acontece que ele é tóxico e se você se alimenta de peixes, deve tomar alguns cuidados.
Vamos ver o que é o mercúrio, como ele contamina os peixes, por que é perigoso e como evitá-lo.
Mercúrio – O Metal
O mercúrio é um elemento fascinante.
É um metal líquido a temperatura ambiente.
Seu ponto de fusão: -38,83˚C.
Seu ponto de ebulição: 356,73˚C.
Parece realmente água de prata, ou hydragyrum como chamavam os antigos romanos. Daí vem o seu símbolo na tabela periódica – Hg.
Apesar de líquido, o mercúrio não se espalha e não molha como a água; não deixa manchas. Ele tende a formar pequenas esferas que eventualmente se juntam ao se tocarem. Se você já deixou um termômetro cair no chão e quebrar, sabe bem do que eu estou falando.
Outras aplicações do mercúrio incluem as lâmpadas de vapor de mercúrio, alguns tipos de bateria e instrumentos de medição.
Fora o mercúrio, o único elemento que tem a característica de estar em estado líquido a temperatura ambiente (entre 19˚C e 23˚C) é o bromo – Br.
O mercúrio é encontrado principalmente em reservas de minério (como minas de carvão) e nos vulcões.
A queima de combustíveis fósseis – em especial o carvão – e erupções vulcânicas são os principais responsáveis pelo lançamento de mercúrio na atmosfera.
Eventualmente esse mercúrio retorna à superfície com a água da chuva, sobretudo nos oceanos, já que eles cobrem 71% da superfície da Terra.
Nos ambientes aquosos, bactérias convertem o mercúrio em metil mercúrio.
E é na forma de metil mercúrio que o metal se propaga pela cadeia alimentar.
O metil mercúrio se acumula no plâncton, zooplâncton, peixes, crustáceos…
[continue lendo para saber quais animais têm maiores teores de mercúrio]
A Escolha dos Peixes
Os peixes são, sim, uma opção saudável – fonte de uma série de nutrientes como proteína e a gordura ômega-3. Mas é preciso atenção nas escolhas, que podem prejudicar tanto o meio-ambiente quanto a sua própria saúde.
A maior causa de contaminação por mercúrio em humanos é a ingestão de pescados.
E é nos animais de topo de cadeia que estão as maiores concentrações. Por se alimentarem de peixes menores, os peixes de topo de cadeia acumulam o mercúrio das suas presas e é com eles que devemos ter mais atenção.
Devemos evitar as espécies de topo de cadeia (peixes predatórios) como:
– Tubarão/Cação
– Peixe-Espada
– Atum-albacora
Espécies menores (peixes não-predatórios) são a opção mais seguras de consumo, mas lembre-se:
- Os peixes pequenos também podem apresentar mercúrio, geralmente em baixo teor;
- Evite consumir peixes muito pequenos, que ainda não atingiram a fase adulta. A pesca de animais que ainda não chegaram à fase reprodutiva pode pôr essas espécies em risco de extinção.
Consulte os guias no final do artigo para a lista detalhada de espécies.
Mercúrio – O Veneno
Apesar de fascinante, o mercúrio é tóxico e pode causar sérios danos à saúde se consumido em excesso.
De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a concentração de mercúrio nos peixes não deve ultrapassar:
- 1,0 mg/kg – peixes predadores
- 0,5 mg/kg – peixes, exceto predadores
Esses valores consideram o consumo de 400 g de peixe por semana por um adulto de 60 kg.
O sistema nervoso central é o principal prejudicado.
Alucinações, dificuldade em articular as palavras, problemas na visão e audição são algumas das consequências da presença de mercúrio em excesso no corpo humano.
É recomendável que grávidas e lactantes evitem comer os peixes que têm mercúrio em excesso. O metal pode passar para o bebê, causando danos graves ao sistema nervoso (dificuldades para andar, falar e aprender, por exemplo).
Guias de Consumo Responsável
No Brasil a Unimonte (Centro Universitário Monte Serrat) & o Projeto Pescador Amigo fizeram um guia de consumo responsável mostrando as espécies que sofrem a chamada sobrepesca — pesca em excesso — e correm risco de extinção. Infelizmente o guia não conta com indicações sobre o excesso de mercúrio.
→ Clique aqui para baixar o Guia de Consumo Responsável de Pescados.
O Oceanário de Lisboa fez um guia com informações sobre quais espécies são pescadas com métodos nocivos ao ambiente e/ou sofrem a sobrepesca. Também indica quais peixes têm um teor de mercúrio elevado. Foi criado com dados de Portugal, mas é uma boa base de referência.
→ Clique aqui para baixar o guia S.O.S. Oceano.
O guia da Repartição de Saúde Pública de Toronto tem as informações ambientais e indicações sobre presença de mercúrio com um diferencial: lista as espécies em quatro níveis de concentração de mercúrio (muito baixo, baixo, médio e elevado). Foi criado com dados do Canadá, mas é outra boa base de referência.
→ Clique aqui para baixar o Guia do consumo de peixe para mulheres, crianças e famílias (em português).
Observações
- Outras formas e contaminação por mercúrio além do consumo de peixes incluem a manipulação de objetos contaminados pelo descarte inadequado de dejetos industriais e respirar vapores de mercúrio de incineradores ou durante processos químicos.
- Algumas espécies de atum têm maiores concentrações de mercúrio que outras. Geralmente o atum enlatado tem níveis de baixo a médio (consulte o guia de Toronto).
- Outros metais como o chumbo também podem estar presentes nos peixes (consulte o guia de Toronto).
Referências:
KEAN, SAM; A Colher que Desaparece, Jorge Zahar Editor Ltda., 2011
Mercury Contamination in Fish – A Guide to Staying Healthy and Fighting Back – NRDC
Ocean – NOAA
Health Recommendations – Seachoice.org
Mercúrio – Ministério do Meio Ambiente
Análise da PUC-Rio revela excesso de mercúrio em peixe – O Globo
Engenheiro de Computação e Informação trabalhando com Marketing Digital e editando o Blog da Ciência. Convicto do poder da divulgação científica como ferramenta para compartilhar conhecimento.
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[…] Apenas o mercúrio (Hg) e o bromo (Br) são metais líquidos à temperatura ambiente (como falamos no texto Mercúrio e os Peixes). […]