O Ministério da Saúde divulgou que neste ano de 2012 houve
queda de 62% no número de casos de dengue entre 01/01 e 11/02, comparado ao mesmo período do ano passado. Em 2011, foram registrados 106.373 casos no Brasil nesse período. Em 2012 foram 40.486 casos.
O responsável pela disseminação da doença é o
Aedes aegypti, mosquito que “hospeda” o vírus da dengue sem ser prejudicado por ele. Apenas as fêmeas se alimentam de sangue, enquanto os machos se alimentam de néctar de frutas e flores. O
Aedes aegypti põe seus ovos em recipientes com água parada, onde as larvas se desenvolvem. Daí a importância da participação de toda a população na inspeção de possíveis focos em suas casas — trocar a água de plantas, tapar caixas d’água, verificar acúmulo de água da chuva em pneus e garrafas, entre
outras medidas.
Mesmo com toda a campanha de conscientização da população, aplicação de larvicidas e inseticidas, a luta contra a dengue parece ficar mais difícil a cada verão. Apesar da diminuição do número de casos no país, os municípios do Rio de Janeiro, Palmas e Recife apresentam situação preocupante (veja tabela abaixo, com dados do Ministério da Saúde).
UF |
Município |
Casos em 2011 (01/01 – 11/02) |
Casos em 2012 (01/01 – 11/02) |
RJ |
Rio de Janeiro |
2322 |
2851 |
TO |
Palmas |
312 |
1403 |
PE |
Recife |
65 |
890 |
Enquanto uma vacina segura e eficiente contra os quatro tipos de dengue não fica pronta, cientistas descobriram uma maneira de evitar que o vírus se dissemine no organismo do Aedes aegypti. Trata-se da Wolbachia, uma bactéria inofensiva ao mosquito que consegue bloquear a transmissão do vírus da dengue pelo inseto. Parece a solução perfeita, mas como infectar uma população inteira de mosquitos com a bactéria?
O fato curioso é que a prole de uma fêmea não-portadora da bactéria, fecundada por um macho portador, não se desenvolve. Já a prole de uma fêmea portadora, fecundada por qualquer macho, se desenvolve sem problemas, além de receber a infecção bacteriana da mãe. Portanto, basta introduzir Wolbachia em milhares de fêmeas em laboratório e em seguida liberá-las nas áreas que concentram muitos casos de dengue. Dentro de alguns meses, grande parte da população local de Aedes aegypti será portadora da Wolbachia e aqueles mosquitos que “hospedarem” o vírus da dengue não irão transmití-lo às pessoas picadas.
Pesquisas com a Wolbachia estão sendo conduzidas ao redor do mundo, como na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos e na Universidade de Queensland, na Austrália. Infelizmente ainda não há previsão de realização de testes no Brasil. Que não demore muito, pois o Brasil realmente precisa.
Imagem: Aedes Aegypti –
CDC
Engenheiro de Computação e Informação trabalhando com Marketing Digital e editando o Blog da Ciência. Convicto do poder da divulgação científica como ferramenta para compartilhar conhecimento.