Infecção de pele causada por fungo ameaça diversidade de anfíbios no mundo
Fungos são seres vivos simples, eucarióticos, com somente um núcleo. Podemos encontrá-los no ambiente aquático, em vegetais, em animais, no ser humano e em detritos em geral.
Enquanto alguns podem ser usados para produzir medicamentos como a penicilina (antibiótico extraído do fungo Penicillium chrysogenum), outros são extremamente prejudiciais à saúde humana.
Mas não é apenas a nossa saúde que eles podem afetar de forma negativa — os fungos também causam problemas em outros animais, como por exemplo os anfíbios.
O fungo Batrachochytrium dendrobatidis é capaz de causar quitridiomicose (uma doença infecciosa de pele) em anfíbios. Esse fungo é um parasita de células da epiderme, e segundo a cúpula da conservação de anfíbios (2005), a quitridiomicose anfibiana é a “pior doença infecciosa já vista entre vertebrados, em termos de números de espécies atingidas e que estão propensas a serem extintas”.
Um estudo realizado por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos, apoiada pela FAPESP, mostrou que o fungo já se encontra disseminado pela Mata Atlântica. Estima-se que 40% dos anfíbios da Mata Atlântica estejam infectados, enquanto na Amazônia a presença do fungo é recente e menos impactante.
Atualmente, no Brasil, já foram comprovados casos em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Paraná.
A propagação desse fungo ocorre pela água doce, por meio da qual ele se movimenta com seus esporos flagelados até encontrar um anfíbio.
Existem três linhagens do Batrachochytrium dendrobatidis, sendo uma delas híbrida (resultado do cruzamento das outras duas espécies do fungo). Acredita-se que essa linhagem possua uma virulência maior do que as outras duas devido a uma presença maior de material genético, causando uma infecção mais bruta e consequentemente aumentando a probabilidade de morte.
O fungo afeta a queratina da epiderme dos anfíbios, causando um desequilíbrio nas trocas gasosas, de água e de eletrólitos pela pele desses animais, levando-os à morte por parada cardíaca.
Ainda não se sabe ao certo de onde o Batrachochytrium dendrobatidis surgiu e nem como conter o seu crescimento. O que sabemos é que a espécie Xenopus laevis, conhecida pelo nome comum de rã-de-unhas-africana, é imune ao fungo, o que nos leva a concluir que é um provável vetor do patógeno.
Referências:
Fungo letal a anfíbios está disseminado pela Mata Atlântica (Agência FAPESP)
Fungo parasita de anfíbios (Texto preparado por Marco Aurélio F. M. de Oliveira, estudante de Ciências Biológicas, do Instituto de Biociências, UNESP, SP, Brasil.)
Doença provocada por fungo ameaça a diversidade de anfíbios no mundo (eCycle)
Declínio da População Mundial de Anfíbios Devido a Infecção Por Batrachochytrium dendrobatidis (Longcore, Pessier e Dk Nichols 1999), o Fungo Causador da Quitridiomicose (Web Artigos)