Plutão a Nosso Alcance

Montagem com cinco imagens de observações de Plutão em momentos distintos. Uma imagem da observação do telescópio Hubble e quatro imagens de observações da sonda New Horizons.

Há pouco mais de 50 anos, começamos a compreender melhor os objetos do Sistema Solar com o auxílio das sondas — naves não tripuladas enviadas para missões de reconhecimento em outros planetas. Era o início da exploração espacial além do familiar sistema Terra-Lua.

Exploração de outros mundos

Começamos pela Mariner 2, que estudou Vênus em 1962.

A Mariner 4 passou por Marte em 1965. Foi a primeira vez que imagens de outro planeta foram capturadas diretamente do espaço.

A Pioneer 10 passou por Júpiter em 1973. Foi a primeira nave a atravessar o cinturão de asteróides, região entre as órbitas de Marte e Júpiter com grande concentração de asteróides.

A Mariner 10 passou por Mercúrio em 1974.

A Pioneer 11 passou por Saturno em 1979.

A Voyager 2 passou por Urano em 1986 e Netuno em 1989.

Em 2015, a 4,8 bilhões de quilômetros da Terra, a New Horizons sobrevoa Plutão para a sua aproximação máxima com a manobra flyby.

A National Space Society fez um vídeo em homenagem a essa era da exploração espacial. Veja abaixo:

Missão New Horizons

A sonda New Horizons foi lançada pela NASA a bordo do foguete Atlas V em 19 de janeiro de 2006, na Flórida.

Em fevereiro de 2007, passou por Júpiter para uma manobra de “estilingue gravitacional”, que aumentou a sua velocidade no sentido de Plutão, poupando 3 anos de viagem.

Durante a maior parte da viagem de Júpiter a Plutão, a nave ficou em estado de hibernação, apenas enviando sinais de “estou dormindo em paz” uma vez por semana.

A cada ano, ela era acordada durante 50 dias para verificar o funcionamento da sonda e dos instrumentos e se estava seguindo em curso.

Em dezembro de 2014, foi despertada de sua última hibernação para preparativos intensos para a aproximação de Plutão.

Em 14 de julho de 2015, mais de nove anos depois do lançamento (foram 3462 dias de viagem), a New Horizons fez o flyby a 12 mil km de distância de Plutão a uma velocidade de 13,77 km/s, cerca de 49.570 km/h.

12 mil km podem parecer uma longa distância, mas é suficiente para coletar dados sobre a atmosfera, superfície e ambientes do planeta anão.

Os cinco satélites de Plutão — Caronte, Cérbero, Estige, Hidra e Nix.

As cinco luas de Plutão (Caronte, Cérbero, Estige, Hidra e Nix) também são alvo de estudo da missão, assim como outros corpos que possam vir a ser encontrados nessa região remota do Sistema Solar – após a órbita de Netuno – conhecida como Cinturão de Kuiper.

A energia elétrica fornecida aos equipamentos da sonda é produzida pelo gerador RTG (Radioisotope Thermoelectric Generator — Gerador Termoelétrico de Radioisótopos) que funciona por decaimento de plutônio.

A energia solar não foi escolhida como fonte devido à pequena intensidade da luz do Sol que chega a uma distância tão grande.


Instrumentos de reconhecimento

Esquema da sonda New Horizons com seu gerador e os sete instrumentos científicos.

Para fazer estudos e análises, a New Horizons conta com sete instrumentos científicos. Confira a lista:

  1. Alice: espectrômetro ultravioleta usado para analisar a composição da atmosfera de Plutão.
  2. LORRI (Long Range Reconnaissance Imager): câmera e telescópio óptico de alta resolução.
  3. Ralph: instrumento óptico e infra-vermelho que vai fornecer mapas em cor das superfícies de Plutão e de suas luas (possivelmente de outros objetos), além de informações térmicas e de composição dessas superfícies.
  4. PEPSSI (Pluto Energetic Particle Spectrometer Science Investigation): instrumento de detecção de partículas usado para detectar moléculas e átomos que escapam da atmosfera de Plutão.
  5. SWAP (Solar Wind Around Pluto): instrumento usado para medir as propriedades do vento solar em torno de Plutão.
  6. REX (Radio Science Experiment): dispositivo eletrônico de processamento de sinais integrado ao sistema de telecomunicações da New Horizons. É usado como um experimento que analisa a curvatura de ondas de rádio enviadas da Terra em direção à sonda. Essa curvatura ocorre de acordo com a composição e temperatura da atmosfera observada.
  7. SDC (Student Dust Counter): instrumento criado e construído por estudantes da Universidade do Colorado usado para contar o número de impactos de partículas de poeira e medir seus tamanhos.

Plutão é planeta?

Plutão foi descoberto pelo astrônomo estado-unidense Clyde William Tombaugh (parte de suas cinzas viajam a bordo da New Horizons) em 18 de fevereiro de 1930.

Tombaugh trabalhava no Observatório Lowell em Flagstaff, no estado do Arizona, onde buscava um planeta mais distante que Netuno. Tirava fotografias da mesma porção do céu em noites diferentes e depois as comparava em um equipamento especial.

Ao comparar as fotografias, se houvesse um corpo como um planeta naquela porção, ele se moveria de um ponto a outro, enquanto os objetos mais distantes permaneceriam parados.

Comparando fotos tiradas em janeiro de 1930, Clyde descobriu aquele que logo foi rotulado como o 9˚ planeta.

Assim permaneceu até 2006, quando o debate sobre a definição de planeta ficou em alta devido às descobertas de outros mundos de tamanho semelhante a Plutão.

Foi então que em agosto de 2006 os membros da IAU (International Astronomical Union — União Astronômica Internacional) decidiram em assembléia geral definir o que é planeta e o que é planeta anão.

Planeta foi definido como um corpo celeste que orbita em torno do Sol, possui forma aproximadamente redonda e é o único em sua órbita.

Planeta anão foi definido como um corpo celeste que orbita em torno do Sol, possui forma aproximadamente redonda, não é o único em sua órbita e não é um satélite.

Essas definições estão na Resolução B5.

Todos amam Plutão

Apesar de não ser mais considerado um planeta, a exploração de Plutão (e do Cinturão de Kuiper) vai nos ajudar a entender melhor a evolução dos planetas anões e até mesmo a formação do nosso Sistema Solar.

I love Pluto. Brincadeira da NASA com a parte da superfície de Plutão em forma de coração.

E você, também ama Plutão? Acompanhou ou ainda acompanha a New Horizons? Deixe o seu comentário abaixo.


Referências:

Imagens:
Cinco imagens de Plutão: adaptado de NASA
Luas de Plutão: NASA
Esquema New Horizons, gerador e equipamentos científicos: adaptado de NASA
I love Pluto: NASA

Johns Hopkins Applied Physics Laboratory — Path to Pluto Mission Timeline – Ten Years
Globo News — A Exploração de Plutão, Parte I – por Salvador Nogueira
Vox — New Horizons: NASA’s incredible Pluto mission, explained

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